segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Calamidade cósmica: o que dizem as impressionantes imagens dos 'pilares da destruição' no espaço



© ESO Região R18, na nebulosa de Carina

ESO Imagens dos pilares de nuvem de poeira e gás Observações foram feitas na nebulosa de Carina, centro de formação de estrelas que se encontra a aproximadamente 7.500 anos luz 1

Pilares gigantescos que simbolizam, ao mesmo tempo, criação e destruição.

As recém-descobertas estruturas foram observadas na nebulosa de Carina a partir de um instrumento instalado no Very Large Telescope (VLT), localizado no observatório astronômico europeu mais avançado do mundo, no Paranal, no Deserto do Atacama, no Chile.

Ao contrário dos famosos "pilares da criação" da nebulosa de Águia, uma das imagens mais icônicas do universo, as estruturas que aparecem nestas imagens poderiam ser chamadas de "pilares de destruição", de acordo com o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês).

As torres e pilares que aparecem nas novas imagens da nebulosa de Carina são enormes nuvens de poeira e gás dentro de um centro de formação de estrelas, localizado a cerca de 7.500 anos-luz de distância.

Segundo cientistas do ESO, o que observamos nada mais é do que a colorida nebulosa de Carina "devastada por estrelas brilhantes próximas".
Milhares de imagens de uma só vez

O VLT é um conjunto de quatro telescópios e vários instrumentos, incluindo o MUSE (sigla em inglês para Multi Unit Spectroscopy Explorer), explorador espectroscópico que permitiu obter estas imagens espetaculares.

Nebulosa de Carina

O MUSE fornece espectros simultâneos de numerosas regiões adjacentes no céu. E o que faz dele uma ferramenta tão poderosa é a sua capacidade de gerar milhares de imagens da nebulosa de uma só vez, cada uma com um comprimento de onda de luz diferente.


Esse recurso permite aos astrônomos detectar as propriedades químicas e físicas do material em diferentes partes da nebulosa, explica o ESO.

"Em nossa galáxia, a Via Láctea, novas estrelas ainda estão se formando. Estas estrelas são formadas a partir de nuvens gigantes de gás e poeira que, por alguma razão, entram em colapso até que seu interior atinja temperatura suficiente para ativar o mecanismo de produção de energia: a fusão de átomos de hidrogênio em átomos de hélio", disse à BBC Miguel Mass-Hesse, coordenador da rede de transmissão do ESO.

© NASA, Jeff Hester, Paul Scowen Univ. Est. Arizona Pilares da Criação

"Algumas dessas estrelas são relativamente pequenas, como o Sol, mas outras são bem maiores e muito mais brilhantes. À medida que acendem, a luz emitida por estas estrelas evapora e destroi os restos da nuvem em que elas se formaram, dissipando o material ao seu redor até deixar uma cavidade praticamente vazia de gás e poeira. Nestas imagens, podemos ver esse fenômeno em todo o seu esplendor ", acrescenta.


© ESO Nebulosa de Carina


Pontos cor-de-rosa

A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, pediu a Mass-Hesse que explicasse em detalhes o que pode ser observado nas imagens, como a que vemos acima: a região R18 da nebulosa de Carina.

"Os pontos rosa são estrelas que ainda se encontram dentro da nuvem de poeira original. A poeira absorve a luz azul, deixando passar apenas o componente vermelho, daí surge a cor que vemos."

"É um fenômeno semelhante ao que acontece no entardecer no verão, em que o sol atravessa a poeira na atmosfera e vemos um tom avermelhado. Em primeiro plano, podemos ver um 'pilar' de poeira que ainda não foi destruído (evaporado) por completo. Este é um processo que requer vários milhões de anos até que se dissipe na região de formação de estrelas. "


"As auras rosa são apenas um efeito de como foram criadas as imagens e representam uma média de cor dessas estrelas."

"A imagem colorida é obtida pela combinação de imagens de diferentes regiões obtidas por meio do MUSE. É bastante semelhante ao que seria a cor natural da região, embora os contrastes sejam acentuados para realçar os detalhes."

"O MUSE é um instrumento muito sofisticado, capaz de fotografar áreas extensas do céu, recebendo centenas de imagens em cores diferentes, do azul ao vermelho. A combinação de registros de distintas regiões nos permite obter imagens sensacionais, mas, acima de tudo, aprender sobre os processos físicos que ocorrem nessas zonas"
'Ironia'

© ESO Região R44, na nebulosa de Carina.

No total, foram observados dez pilares e foi possível identificar uma relação clara entre a radiação emitida por estrelas maciças próximas e as características dos pilares.

Uma das primeiras consequências da formação de uma estrela maciça é que ela começa a destruir a nuvem em que nasceu - fenômeno que o ESO descreve como "ironia".


"A tese de que as estrelas maciças têm um efeito considerável sobre o ambiente ao seu redor não é nova: sabe-se que estas estrelas lançam uma enorme quantidade de radiação ionizante (emissão com energia suficiente para arrancar elétrons de átomos). No entanto, é muito difícil obter evidências da relação entre essas estrelas e o seu entorno".
Estrelas que destroem seus criadores

A equipe do ESO analisou o efeito dessa radiação de energia nos pilares: um processo conhecido como fotoevaporação, quando o gás é ionizado e depois dispersado para longe.

A partir da observação dos resultados da fotoevaporação - que inclui a perda de massa do pilares -, foi possível descobrir a causa.

"Houve uma clara relação entre a quantidade de radiação ionizante emitida por estrelas próximas e a dissipação dos pilares."


De acordo com o ESO, "pode parecer uma calamidade cósmica, com estrelas de grande massa destruindo seus próprios criadores. No entanto, ainda não é completamente compreendida a complexidade dos mecanismos de retroalimentação entre as estrelas e os pilares".

© ESO Imagens dos pilares de nuvem de poeira e gás


Estes pilares podem parecer densos, mas as nuvens de poeira e gás que se formam na nebulosa são, na verdade, muito difusas.

Para o ESO, "essas estruturas celestes surpreendentes têm muito mais a dizer, e o MUSE é o instrumento ideal para provar isso".

E o que será que Mass-Hesse vê nessas imagens?

"Estas imagens nos mostram de forma clara como se formam novas estrelas, a partir de poeira e gás interestelar. Estas partículas de poeira são formadas dentro de outras estrelas maciças que explodiram como supernovas por consumir seu combustível nuclear, espalhando suas cinzas ao redor".

"Ao formar novas estrelas, essa poeira interestelar se condensa na forma de novos planetas rochosos, como a Terra, onde talvez a vida se desenvolva em um futuro ainda muito distante".

"Ao observar essas imagens que mostram como o sistema solar em que vivemos foi formado, entendemos por que, literalmente, não somos nada além do que 'poeira cósmica'."

sábado, 5 de novembro de 2016

O maior telescópio do mundo enfrenta um grande problema para ser construído



© Reprodução

Há anos se fala do Telescópio de Trinta Metros (TTM) – um megatelescópio com resolução dez vezes maior do que o Hubble – e até agora ele não saiu do papel. Existe uma batalha judicial a respeito do local da construção do equipamento e aparentemente um caminho alternativo começou a surgir para solucionar esse entrave.

O maior telescópio do mundo talvez não seja construído em Mauna Kea, no Havaí, mas em vez disso pode ser que se estabeleça nas Ilhas Canárias, na Espanha. Seria uma grande perda para a astronomia, mas uma grande vitória para a preservação da cultura havaiana, já que muitas pessoas não querem que a montanha sagrada seja ocupada novamente. Além disso, há problemas com a preservação ambiental da ilha.

O Telescópio de Trinta Metros foi orçado em US$ 1,4 bilhão e será projetado para pesquisar regiões do espaço que até agora não puderem ser observadas. Ele é o maior de uma série de telescópios terrestres extremamente grandes (ELTs, na sigla em inglês) que junto com o Telescópio Espacial James Webb, devem liderar as pesquisas astronômicas nos anos 2020.

O telescópio, que irá realizar observações por meio da astronomia óptica e infravermelha e abordar questões a respeito da origem do universo e habitabilidade de exoplanetas, é o único ELT previsto para ser construído no hemisfério norte. O que o torna uma ferramenta indispensável para obter imagens de alta resolução de algumas porções do céu.

Mas o conhecimento a ser ganho a partir do TTM tem um preço alto. A intenção era construí-lo no topo do vulcão inativo de Mauna Kea, mas a região é considerada sagrada pelos nativos. Para a população, uma grande estrutura como essa seria profana. E depois de verem 13 outros observatórios serem construídos em Mauna Kea desde os anos 1970, os havaianos que querem preservar suas práticas culturais tradicionais finalmente estão se certificando que estão sendo ouvidos.

Protestos e disputas legais vem sendo realizadas há anos por causa do telescópio. As coisas tiveram uma primeira definição em dezembro de 2015, quando a Suprema Corte do Havaí anulou as permissões de construção do TTM com base em um processo judicial. O conselho de diretores do TTM passou os últimos dez meses tentando descobrir para onde iriam levá-lo.

Agora, o conselho chegou a uma decisão que garante que o telescópio irá sobreviver de alguma maneira, mas reconhece que os desafios são grandes. Se o o TTM não puder ser construído no topo de Mauna Kea – é um grande "se", já que corre na justiça um novo pedido de permissão para a construção – o projeto será levado para a ilha de La Palma.

Localizada nas Ilhas Canárias da Espanha, La Palma já possui o observatório Roque de los Muchachos, um dos principais observatórios ópticos do mundo. Depois de Mauna Kea, a ilha é considerada o melhor local para astronomia óptica e infravermelha no hemisfério norte. "Poderíamos realmente avançar rapidamente se as coisas não funcionarem
", disse a astrofísica da Caltech e conselheira do TTM Fiona Harrison ao Nature News.

Mas La Palma tem suas desvantagens: os astrônomos estariam sacrificando 2 mil metros de elevação, o que significa que haverá mais interferência da atmosfera da Terra. Isso pode diminuir a resolução do telescópio, particularmente nos comprimentos de onda do infravermelho médio, necessários para observar os centros galácticos.

Por outro lado, levar o TMT para outro lugar honraria os desejos dos nativos havaianos, que sentem que a oposição à astronomia foi marginalizada por décadas.

Stephen Hawking vai apurar megaestrutura alienígena em estrela



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Um dos mais famosos astrofísicos do mundo, Stephen Hawking, confirmou nesta semana que está focado em projeto com a finalidade de examinar uma estrela curiosa com o rádio-telescópio Green Bank através do projeto Breakthrough Listen. O projeto conta com a parceria do fundador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg.

De acordo com o site TN Online, Hawking dá apoio atualmente a uma equipe de cientistas para análise de uma possível "megaestrutura alienígena" orbitando a estrela de Tabby ou estrela do "gato malhado", como também é chamada pelos astrônomos. O padrão intermitente de luz do corpo celeste intriga os astrônomos.

O projeto com orçamento de £ 81milhões (cerca de US$ 100 milhões) objetiva apurar o comportamento misterioso da estrela denominada tecnicamente de KIC8462852.